quinta-feira, 20 de maio de 2010

Será isto???


Encontro-me sentada no sofá, a música deixa rasto neste canto. Sinto-me envolvida em algo que encontro no teu olhar, teu olhar que acolhe o meu corpo, meu corpo que te pede luxúria. Apetece-me vagabundear sobre a nossa intimidade. Peço ao passado que me traga o calor do teu pescoço, com o cheiro entranhado na minha pele. Ainda sinto teus lábios presos entre os meus dentes, ainda sinto o momento.
Desejo-te e não sei o que isso é, só sei que me estonteia de tanto me agarrar afincadamente a este desejo, não desejando perdê-lo. Será este desejo uma brisa que se transforma em tornado que me acorda, que me açoita os sentidos e me lembra que estou aqui? Será que dou permissão a este desejo coexistir porque desejo ter este desejo? Será este desejar o desejo que o faz sobreviver ou será o objecto do desejo que o aviva? Sinto que a serenidade já há muito foi desaparecendo pelo desejo. Este não vive da ilusão, mas comporta a ilusão como vertente virtual, enquanto expressão da minha realidade vedada aos outros.
Em emoções sou de poucas certezas. Tudo me surge carregado de neblina, a razão e até as tuas expressões. Tenho só uma certeza, não desejo qualquer um e portanto não é a busca de prazer a minha causa. Não é a necessidade que me atormenta. A necessidade é limitada mas não o desejo, a necessidade de prazer não pode ser minha eu sei-o.
Será que este desejo de prazer, que permiti insuflar com o tempo, aumenta pelo perigo que me deveria afastar dele? Por vezes penso que não pretendo a satisfação deste prazer, mas por outras acho que controlo o sentido do meu querer para fugir à culpa. Por vezes, as minhas insistentes entregas ao desejo deixam-me cair no fosso que própria cavei e que me faço enfrentar perante a censura moral, que condena o meu tão desejado desejo. Penso em culpa, culpa de um pensamento, de uma palavra, de um gesto, de um toque, de um coito, de um gemido... só sinto culpa porque o outro me pode culpar. Mas sei que sou fraca e que me deixo entregar facilmente ao erotismo, fugindo da culpa rapidamente, que me quer ceifar o desejo...
  Ai!
 Como me possui este desejo! Rapidamente me faço encontrar com o sustentáculo que me mantém na vertical, este desejo.
Será este desejo um preenchimento de um tédio? Mas como pode o tédio ter espaço na minha vida, se tento nunca lhe dar espaço de coexistência? Até porque se assim fosse não escolheria eu o objecto de desejo bem mais acessível, para concretizar a satisfação de prazer? Pois, mas, não procuro prazer, é verdade. Sinto-me tão embrulhada em pensamentos. Sinto-me tão desejosa de me embrulhar em teus braços.
Ai!!